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Quarentena até 15 de abril: a difícil tarefa de suportar uma tensão cada vez maior

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data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Pedro Piegas (Diário)

Se os ânimos já estavam acirrados no final da primeira semana de quarentena, agora que o governador Eduardo Leite (PSDB) prorrogou até 15 de abril o isolamento social, a tensão só tende a aumentar. Ainda mais porque não deu contrapartidas: manteve a cobrança do IPVA e dos demais impostos, sem prorrogação. Entidades empresariais, como a Cacism, já estão procurando a Justiça para pedir a suspensão do pagamento de impostos. A mesma entidade relata também que empresas de medicina do trabalho de Santa Maria já teriam recebido 600 pedidos de exames demissionais por parte de empresas da cidade que terão de cortar funcionários. Ou seja, para todos os lados, a corda vai ficar bem mais esticada, e acabará arrebentando em algum momento, atingindo empregos, empresas ou os próprios governos, já que a arrecadação estadual e dos municípios vai despencar.

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Mesmo que o decreto do Estado considere indústrias e construção civil como serviços essenciais e liberadas a funcionar, a prefeitura de Santa Maria deve manter os setores fechados até 5 de abril, de acordo com o último decreto. Resta saber se o Executivo municipal vai rever essa medida ou não. E mesmo que libere fábricas e obras de construção a voltar, não deve ser tão simples a retomada, devido à limitação do transporte coletivo para levar os trabalhadores, ao temor dos funcionários e até de denúncias, e também pelo risco de não conseguir matérias-primas.

Por fim, vale lembrar: "tudo passa, tudo passará".

ATÉ PEQUENAS CIDADES TERÃO DE FECHAR COMÉRCIO 
Apesar de a quarentena ser necessária, parece ser um exagero proibir totalmente o comércio em cidades muito pequenas e distantes de grandes centros, que não têm ainda nem casos suspeitos. Só para citar exemplos aqui na região, municípios como Dilermando de Aguiar, Quevedos, Toropi, Unistalda e Itacurubi, que são distantes de cidades maiores, necessitariam mesmo isolamento total neste momento? A justificativa do governador, nesse caso, foi até compreensível: se criassem regras de acordo com o tamanho dos municípios, acabaria gerando mais confusão.

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Foto: Renan Mattos

É totalmente compreensível a preocupação do governo do Estado em preservar vidas, mas por outro lado, há o problema de que as decisões são tomadas com base em dados pouco confiáveis, como o número de casos suspeitos e de confirmados - que levam dias para sair. Só quando houver testes em grande quantidade será possível saber o real avanço da doença.

MUITA DESINFORMAÇÃO E MUDANÇAS CONSTANTES GERAM CONFUSÃO
É normal que num enfrentamento de "guerra" como essa, haja confusão e muitas informações truncadas. E tem sido isso que vem acontecendo com a enxurrada de mudanças e de decretos feitos pelos governos nas três esferas (União, Estados e municípios). Nem mesmo os assessores do Palácio Piratini tinham certeza dos impactos práticos de alguns trechos dos decretos anteriores. Um exemplo foi o caso dos postos à beira de estradas. Afinal, o que podia abrir? Só as bombas de abastecimento, ou também as lojas de conveniência, os restaurantes, as borracharias e as mecânicas à beira de estrada? 

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No decreto de ontem, o governo estadual conseguiu esclarecer isso e liberar todos esses serviços às margens de rodovias, pois são fundamentais para manter o transporte.

Outro exemplo é o entendimento de que tipo de comércio é essencial, qual é acessório ao essencial (fornecendo insumos a saúde ou transporte) e quais podem vender pela internet e telefone. Sindilojas de Santa Maria teve um entendimento, e a prefeitura divulgou outro, que teve também contestações.

Mesmo assim, cada setor tem suas peculiaridades, e muitos empresários e cidadãos ficam boiando, sem saber que regras realmente valem.

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